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ALMIR ZARFEG

( Bahia – Brasil )

Também conhecido como A. Zarfeg ou simplesmtne AZ – é um poeta e jornalista radicado em Teixeira de Freitas/ BA.
Iniciou-se na literatura em 1991 com o livro de poemas “Àgua Preta”, atualmente na 4ª. edição. Depois publicou mais livros de poemas, crônicas, contos, novela, infanto-juvenil e reportagem. Em 2017, foi homenageado pela União Baiana  de Escritores (UBESC) com o título de “Personalidade de Importância Cultural.
Em 2018, recebeu o “Primeiro Prêmio Absoluto” pela obra poética inédita “A Nuvem”, concedida pela Accademia Internazionale Il Convivio”.
A convite da Lura Editorial, organizou o livro de poemas “Nós – poesias para tarde ensolaradas”, lançado durante a XIX Bienal Internacional do Livro do Rio. Assim se define no poema “Origem”: “Não tenho dívidas / tenho divisa: / nunca serei rei, / mas rio”.
Em tempo: Os dois poemas aqui apresentados foram extraídos do livro inédito: “PANDEMIA – poemas sob efeito da pandemia!”

NOVO DECAMERON. Antologia poética. Org. Rodrigo Starling, 2021. 235 p.   ISBN  978-65-994-783-7-6-1   

Ex. bibl. Antonio Miranda

OS DEZ MANDAMENTOS
NOS TEMPOS DO
CORONAVIRUS

I

Nunca rejeitar o pobre Jesus!

II
Jejuar com fome de transcendência!

III
Jamais rimar Jesus com Coronavirus!

IV
Ficar de joelhos ou de quatro nos momentos de
paixão ou compaixão, respectivamente!

V
Nunca dizer o nome do Senhor em vão, sendo numa
jaculatória!

VI
Amar Jesus até o fim dos tempos (santos ou
feriados) e modos (frios ou quentes)!

VII
Tê-Lo como divisor de águas pretas: Cristos e anti-
Cristo!

VIII
Jamais economizar nos ai-Jesus!

IX
Cuidar cristãmente da partida de xadrez e da
partida pro além!

X
Jurar ficar em casa nesta e nas quarentenas
vindouras!

ABUSE, PERO NO MUCHO

Finais felizes são comigo mesmo

Poesia é epifania:
Intuir de noite e de dia
Recomendação:
Use a qualquer hora
Contraindicação:
Não abuse da dose
Muita atenção:
Este veneno mata!
Paulo Paes
Descansa em paz!
Poe (pobre rapaz):
“Nunca mais!”
Do risco-vício
Prazer ao precipício.
Poesia é alquimia:
Criar de noite e de dia

Os infelizes deixo com Tolstoi

CEM POEMAS  CEM MIL SONHOS; homenagem aos 50 anos da Passeata dos Cem Mil: maior manifestação popular contra a Ditadura Militar no país.           Organização: por Rodrigo Starling. Entrevista com Vladimir Palmeira.  Belo          Horizonte: Starling, 2018.   176 p.     14 x 20 cm. Capa: Jackson Abacatu.  N. 09 814
Exemplar da biblioteca de ANTONIO MIRANDA



A MENTIRA  

A mentira tem pernas curtas
Olhos de lince e monocelhas

Costuma chegar via Correios
Se exercita pela tangente

Habita os templos mais
Honoráveis ou anônimos

À maneira de massinha,
Pode ser moldada e mimada

No período eleitoral, então,
A coisa se reinventa, com

Insuspeita amabilidade,
Sob a máscara de plantão:

Cada gesto, uma comédia
Cada golpe, uma tragédia.



A COISA

Eu mando a coisa ir
Tomar naquele lugar!
A coisa me responde idem!
Ela é programática
Sou pornográfico!

A coisa é verde-amarela
Sou preto no branco
Ela é puta republicana
Sou masoquista graças a Deus!

A coisa ainda vai
Coisificar a alegria
A salada de frutas
A Praça 15 de Novembro!

Se você ver a coisa por aí
Chame logo a polícia
Solte os cachorros
Jogue bosta na coisa!

Não permita que a coisa
Fique preta no front!

*
Página ampliada e republicada em maio de 2025.

* 

VEJA e LEIA outros poetas da Bahia:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/bahia/bahia.html

Página publicada em dezembro de 2021